O sociólogo e enfermeiro Mário Santos, publicou em 2012 um
estudo inédito sobre o parto domiciliar em Portugal. Esta
investigação teve como objectivo conhecer e analisar a experiencia
da mulher e/ou casal que optou por um parto domiciliar, em particular
compreender os factores que levaram à escolha desta opção, entre
outros. (Faça o download do estudo aqui)
Deixo aqui
apenas alguns dos resultados do estudo que me pareceram mais significativos:
- A escolaridade elevada e actividade profissional predominantemente autónoma dos casais em estudo que escolheram o parto domiciliar (reflectindo uma tendência e não uma característica nacional).
- A escolha do parto em casa para estes casais, resultou de uma rejeição do modelo hospitalar – isto é, a rejeição de um modelo de medicalização do parto onde reina o “controlo dos espaços, dos tempos, dos processos e dos participantes por parte dos profissionais do hospital”, a favor de um paradigma em que “o parto é propriedade da mulher, é uma experiencia sexual e empoderadora, onde as intervenções devem ser reduzidas ao mínimo, porque o corpo saberá o que fazer e a percepção e o controlo sobre o corpo são estruturais.”
- Neste contexto o ambiente proporcionado pelo hospital, é visto como “um ambiente de risco”, por constituir uma ameaça à perda do sentido pessoal. O modelo hospitalar “impõe como condição de acesso a adesão ao seu modelo de assistência e o compromisso de respeito por normas de comportamento, mesmo numa gravidez e num parto à partida sem problemas”. Assim sendo, “a percepção do risco do parto é maior no meio hospitalar do que em casa e isso despoleta, em última instância, a decisão pelo parto domiciliar.”
- “No conjunto, parece ser a apropriação da experiencia de parir, o controlo sobre o processo e a autodeterminação que definem a experiencia do parto em casa como uma boa experiencia.”
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