Saturday 16 May 2015

Sabia que ...


Nos Estados Unidos e Inglaterra no início do século XX, a mortalidade materna era mais baixa nas classes sociais mais pobres, onde os partos eram assistidos por parteiras com o apoio de outras mulheres.


A maior causa de mortalidade para as mulheres eram as infecções contraídas durante o parto e os médicos aumentavam esse risco devido a práticas obstétricas inadequadas e falta de higiene. Esta situação só se alterou com a introdução dos antibióticos a partir da década de 30. 


 

Segundo Sheila Kitzinger*, o parto começou a ser medicalizado tanto em Inglaterra como nos Estados Unidos no final do século XIX. Até esta altura o nascimento estava no domínio das mulheres e parteiras, que davam essencialmente apoio emocional e encorajamento, ajudando a mãe a permanecer móvel e a mudar de posição, aplicando compressas e administrando ervanária e massagem.

A partir desta altura a obstetrícia, um ramo da medicina geral, tornou-se importante para estabelecer a reputação de um médico e assegurar a sua popularidade. Os médicos tinham por hábito ser bastante intervencionistas, colocando as mãos dentro da mulher para virar a cabeça do bebé, usando fórceps antes da completa dilatação do colo do útero, aplicando clorofórmio, etc. Nos anos 30, os fórceps eram utilizados em cerca de 50% dos partos. Tudo isto tornava o parto num acontecimento de alto risco, principalmente para as mães.

A maior causa de mortalidade eram as infecções contraídas durante o parto e os médicos aumentavam esse risco. Muitos dos óbitos atribuídos à tuberculose eram de facto devido a sépsis** no parto. O risco de uma mulher morrer era tão alto na década de 1930 como a meio do século XIX. Cerca de 1/3 das mortes maternas eram causadas por más práticas obstétricas, para além disto a falta de higiene causava infecções por estreptococos. Esta situação só se alterou com a introdução dos antibióticos a partir da década de 30.

O que é extraordinário é que o risco de mortalidade das mães era maior nas classes sociais mais elevadas e mais baixo nas classes laborais, uma vez que nas classes altas os nascimentos eram feitos pelos médicos e nas classes mais baixas eram assistidos por parteiras. Em 1934 uma mulher que vivesse na zona rica de Londres e fosse assistida por um médico tinha o dobro da probabilidade de morrer que uma mulher vivendo numa zona pobre, assistida por uma parteira e tendo outras mulheres como apoio.

* Sheila Kitzinger, uma das activistas e educadoras perinatais mais conceituadas a nível mundial que começou o seu trabalho nos anos 60 e pesquisou vastamente na área da sociologia antropológica do nascimento, tendo escrito numerosas obras dedicadas ao tema das experiencias da mulher na gravidez e parto.

**Sépsis, estado infeccioso grave caracterizado pela disseminação e existência de microrganismos patogénicos, ou das suas toxinas, no sangue circulante ou nos tecidos,
http://www.infopedia.pt/dicionarios/termos-medicos/s%C3%A9psis.

 

Fonte: Sheila Kitzinger, Redescovering Birth, 2000, A Little, Brown Book, London, UK.

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